quinta-feira, 20 de junho de 2013

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Ainda Raul Lino e a música (sempre ela)



"Muita vez tem a arquitectura sido comparada à música. Dizem-na, com certa razão, música petrificada ou congelada. Há uma imagem porém que a mim se afigura não menos expressiva e que me dá ao mesmo tempo a impressão quasi dolorosa do eterno anseio que mortifica o artista-arquitecto, - é aquela esplêndida figura de Vitória, conhecida pela Vitóra de Samotrácia, cujas asas mutiladas a inibem de levantar o vôo para que fôra criada. A arquitectura é música eternamente presa à matéria, que não pode, como sua irmã a arquitectura dos sons - desligar-se da terra e seguir o vôo do pensamento que lhe insuflou a vida (...)".
(Raul Lino, Auriverde Jornada, 1937).

Raul Lino não se esquece da música nem no Brasil!

A propósito do Ano de Portugal no Brasil...
Lembro-me de um texto que Raul Lino escreveu em 1937 sobre a sua viagem ao Brasil feita dois anos antes... Chamou a essa (longa) dissertação Auriverde Jornada.
Ao terceiro capítulo intitulou de «Espírito na Arquitectura».
Logo no início deste capítulo, percebemos como Raul Lino concebe o artista: "Tu serás músico. A tua alma terá a sensibilidade necessária para apreender o sentido das coisas que te rodeiam e será dotada da afinação precisa para compor o canto revelador dessa mesma sensibilidade." Músico não no sentido corrente, está bom de ver. Antes como o entendia Francisco da Holanda "que chamava desmúsicos aos que pela pintura se não interessavam. (...) E é por isso que há tantas vocações erradas em volta desta profisssão de arquitecto."
Mais tarde, praticamente no final do mesmo capítulo, Raul Lino volta a evidenciar toda a sua paixão e admiração pela arte dos sons: "Arte puríssima, Artem sublime, arte empolgante como nenhuma, que se dirige da maneira mais imediata ao nosso sentimento, dispensando todo o processo de adaptação, é a música, a música absoluta. (...) A arquitectura é música eternamente presa à matéria".
Nota: «auriverde», ou seja, da cor do ouro e verde (as cores da bandeira brasileira).

domingo, 9 de junho de 2013





Não sei se esta imagem poderá dar alguma resposta visual à música de Mário Laginha.

Assumo o atrevimento.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

José Saramago e a música


No meio de muita papelada encontrei um recorte...
«Bach, o compasso das palavras e as vírgulas no sítio»: "A música desempenha um papel decisivo na trama de As Intermitências da Morte. Mas também na sua escrita, em geral. José Saramago diz que as suas frases obedecem muitas vezes ao tempo de um compasso musical interior". (PÚBLICO, 12 de novembro de 2005).

sábado, 1 de junho de 2013

Som e espaço

A propósito do programa Música & Revolução da Casa da Música (Abril 2013) li no PÚBLICO (25-4-2013): "(...) a partir de dado momento da História, a música começou a ser também pensada em função do espaço para que era concebida. (...) Gabrielli (c. 1555-1612) «foi pioneiro na atenção à relação do som com o espaço», quando decidiu espalhar por vários sítios da Catedral de São Marcos, em Veneza, os cantores de grupos vocais, criando uma experiência sensurround antes de tempo."
Este é outro dos temas que quis aprofundar na minha tese: (...) Segundo Carpeaux, [Gabrielli], em Sacrae Symphoniae (1597), apresenta “obras-primas em que a alternância e reunião dos coros produzem efeitos sonoros verdadeiramente assombrosos”. O autor dá o exemplo do moteto Benedictus escrito para três coros que, juntamente com outras obras, só alcança “o devido efeito na igreja e mesmo só em igrejas que dispõem das condições acústicas de San Marco.” Para Wörner, estes compositores venezianos do século XVI, e seus sucessores, introduziram, pela primeira vez na história da música, “physical space as a component of the art of musical composition". (Arquitectura, Música e Acústica no Portugal Contemporâneo, FaupPublicações, Porto, 2010, pp. 176).